Sob forte chuva e sem cessar, dirigentes do SINTEST- MG concentraram-se na Praça Sete em protesto às Reformas Trabalhista e Previdenciária e à Terceirização, na última sexta-feira, 28 de abril.
De forma pacífica e ordeira, mais de 100 mil manifestantes entoaram coro contra os retrocessos e ataques aos direitos dos trabalhadores brasileiros, propostos pelo Governo Federal.
Durante a madrugada do dia 28 de abril, houve interdições em rodovias do Estado, realizadas pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), MST, trabalhadoras e trabalhadores, paralisações de serviços em estações de trens e garagens de ônibus e bloqueios nas portarias de fábricas.
As manifestações e atos públicos se estenderam por todo território nacional, unindo centrais sindicais, movimentos sociais, populares, estudantis e as igrejas.
Repercussão Internacional
Apesar de a imprensa brasileira ter hesitado cobrir a GREVE GERAL, a imprensa internacional, por outro lado, referiu-se a greve como uma grande LUTA contra a AUSTERIDADE. Veja abaixo:
- Reuters: "Cities paralyzed by nationwide strike against austerity"
- Al-Jazeera: "Anti-Temer strike paralyses major cities in Brazil"
- Deutsche Welle: "Brazil braces for nationwide strike demonstrations"
- BBC: "Brazil hit by first general strike in two decades"
- Wall Street Journal: "Brazil General Strike Disrupts Transportation"
- France 24h: "Le Brésil paralysé par une grève générale contre l'austérité"
- El País: "Una huelga general desafía las reformas del Gobierno brasileño"
Coincidência ou destino?
No dia 28 de abril, na última sexta-feira, dia este que lembraríamos o Dia Mundial da Saúde do Trabalhador e as Vítimas de Acidentes de Trabalho, fomos convocados a nos juntarmos aos demais trabalhadores contra esse imenso retrocesso social: tramitação das Reformas Trabalhista e Previdenciária e sanção da Terceirização pelo presidente da República, Michel Temer. Esta, por sua vez, faz vítima em todos os setores. Um dossiê do Dieese aponta que no setor elétrico, por exemplo, são altos os índices de acidentes e mortes no trabalho entre os trabalhadores terceirizados. Com base em relatório de estatísticas de acidentes do setor, produzido pela Fundação Comitê de Gestão Empresarial (Coge), o Dieese informa que os trabalhadores terceirizados morrem 3,4 vezes mais do que os efetivos nas distribuidoras, geradoras e transmissoras da área de energia elétrica.As informações são do Portal Rede Brasil Atual.
Em razão desses altos índices, foi realizado seminário sobre “A Prevenção como Afinidade Eletiva da SST, em tributo à Memória de Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho e no Adoecimento no Trabalho”, ocorrido no dia 26.4.2017, que contou com a participação da Diretora Lenize do Sintest. Segundo nossa Diretora, durante a problematização de conteúdos específicos do tema geral “Acidentes no Trabalho”, foi mencionado o acidente da Samarco, em 2015, quando na ocasião houve óbito de 18 pessoas, sendo 13 funcionários de empresas terceirizadas e cinco pessoas moradores da região. Mais informações acerca deste Seminário no próximo Boletim do Sintest.
Com a terceirização, de acordo com a médica Maria Maeno, pesquisadora da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), para o Portal Rede Brasil Atual, piorarão ainda mais as condições de segurança. Isso porque fragiliza/rá a ação dos sindicatos, a fiscalização e dificulta a organização dos trabalhadores. "Poderemos ter um aumento dos adoecimentos e de acidentes pelas condições precárias e pela menor capacidade de enfrentamento das situações adversas", diz.
A tendência, segundo Maria Maeno, durante entrevista para o mesmo Portal, será de aumento da subnotificação dos casos, já que os acidentes devem vitimar trabalhadores cujas empresas da atividade fim poderão ter contratos com variados ramos econômicos, contribuindo para que o Estado tenha mais dificuldades para rastrear esses acidentes.
Associação de Magistrados da Justiça do Trabalho da 1ª Região (Amatra 1) alerta que o Brasil registra mais de 700 mil acidentes de trabalho por ano, o que coloca o país em quarto lugar no mundo nesse aspecto, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), atrás apenas de China, Índia e Indonésia. As informações são da Agência Brasil – EBC.
Número de desempregados no Brasil sobe para 14,2 milhões de desempregados, segundo IBGE
Pesquisa recente do IBGE aponta aumento do desemprego para 13,7% no primeiro trimestre deste ano, comparado com os 10,9% registrados no mesmo período do ano passado.
De acordo com informações do IBGE, o aumento do desemprego ocorreu por causa das demissões e também por conta das novas pessoas que se habilitam à inserção no mercado de trabalho, mas não encontraram uma vaga. As informações foram extraídas do Portal Valor Econômico.
Com as Reformas ficará o trabalhador muito mais vulnerável, dependente e a mercê do empresariado
De acordo com a professora de Sociologia da Universidade Federal do Paraná e membro da Associação Brasileira de Estudos do Trabalho, Maria Aparecida da Cruz Bridi, para o Portal Carta Capital, a alegação do governo de que a reforma será primordial para geração de empregos é uma falácia, e que essas transformações servem ao empresariado.
Para Maria Aparecida Cruz, “quanto mais flexível o salário, a jornada, e quanto maior a reserva de mercado, mais favorável é para o empresário, porque ele pode baratear o salário”. A tendência, segundo ela, é que as medidas a serem votadas pelo Congresso irão romper a proteção construída pelo Brasil para o Trabalhador.
Constata-se que quando o mercado de trabalho está aquecido, o poder de barganha dos trabalhadores aumenta”, defende Maria Aparecida da Cruz Bridi. Mas, segundo Maria Aparecida, como o mercado está desaquecido e o desemprego se alargando, o trabalhador não tem o que negociar. O trabalhador é aquele que está na condição de dependência e é mais vulnerável porque se ele precisa de emprego vai aceitar qualquer possibilidade por um pedaço de pão. As informações são de uma entrevista da professora Maria Aparecida da Cruz Bridi para o Portal Carta Capital.
Mas, com o mote principal dessa reforma, do negociado prevalecer sobre o legislado, ou seja, o que estiver acordado entre o patrão e o empregado, será mesmo que o empregado terá força de lei no processo de negociação? A professora de Sociologia da Universidade alerta, durante entrevista para Carta Capital, que os cidadãos podem comprar a ideia que está sendo vendida pelo governo por acreditarem que a relação entre patrões e empregados vai ser igualitária, mas, infelizmente não será.
Nesse contexto, o SINTEST – MG reafirma seu compromisso de trabalho incessante para minimizar a desproporção de forças no processo de negociação entre o trabalhador e o patrão.