“Você sabia que a segurança do trabalho desponta como mercado em expansão e praticamente imune à crise?

O setor tem boas oportunidades e salários atraentes, segundo os especialistas.”

No início, era só mais uma obrigação trabalhista. Com o tempo, as empresas passaram a perceber que cuidar da saúde e da integridade de seus funcionários conta pontos preciosos para a sua imagem. Graças a essa mudança de mentalidade dos empregadores, a segurança do trabalho desponta como mercado em expansão e praticamente imune à crise. O setor tem boas oportunidades e salários atraentes, segundo os especialistas.

Podem atuar nessa área engenheiros, médicos e enfermeiros que tenham uma especialização obtida com cursos de pós-graduação. Há espaço também para os técnicos de segurança do trabalho e técnicos de enfermagem do trabalho ( nível pós médio).

— Todas as áreas de engenharia apresentaram crescimento nas últimas décadas, mas a de segurança do trabalho teve uma valorização muito maior. Um acidente fatal afeta mais a imagem da empresa do que o atraso na entrega de um produto — afirma o professor Alberto Barros, coordenador do curso de pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho da Universidade Veiga de Almeida (UVA).

A especialista em Enfermagem do Trabalho Maria Yvone Chaves Mauro vê boas perspectivas também na sua área. E aponta a Norma Regulamentadora (NR-32) como peça fundamental na abertura de oportunidades para os enfermeiros do trabalho. Essa legislação determina o controle dos riscos no ambiente de trabalho em estabelecimentos de saúde. Ela indica, ainda, outras opções:

— Na indústria, destaca-se a construção civil, além da exploração de petróleo e gás. No ramo do serviço, principalmente, os estabelecimentos de saúde — exemplifica.

Carlos Eduardo Pereira, psicólogo e consultor de carreias do grupo Bê a bá do RH, diz que, além de muitas empresas manterem seus próprios quadros de profissionais na área de segurança do trabalho, há também aquelas que terceirizam esse serviço (Assessorias). Ele explica que a quantidade de profissionais que cada firma precisa manter obedece a uma tabela progressiva, classificada em quatro níveis, por grau de risco e tamanho do quadro de funcionários.

Existem desde aquelas empresas que precisam ter só um técnico de segurança do trabalho (as de nível 4, com quadro de 50 a 100 funcionários) até as empresas que precisam manter equipes completas, com engenheiro, enfermeiro, médico, e técnicos de segurança do trabalho e técnicos de enfermagem do trabalho (Serviços Especializados em Segurança e em Medicina do Trabalho - SESMT), como as que têm mais de 3.500 trabalhadores.

Emprego ainda na faculdade

O mercado é tão promissor que, na área de Enfermagem do Trabalho, muitos alunos conseguem emprego antes de concluírem a especialização. É o que garante a professora Edivânia Soares da Silva, coordenadora da pós-graduação em Enfermagem do Trabalho da UVA.

— De uma turma de 30 alunos, de 15 a 20 são absorvidos no mercado, muitos antes de concluírem o curso.

A segurança do trabalho tem crescido tanto em importância, que na medicina, os profissionais que atuam no setor já são mais numerosos que outros especialistas, como ortopedistas e cardiologistas, por exemplo. Quem garante isso é o diretor científico da Associação Brasileira de Medicina do Trabalho (ABMT), Paulo Rebelo.

— O mercado ganhou destaque, nos últimos anos, porque a lei exige que os trabalhadores passem por exames para serem admitidos nas empresas — diz Rebelo.

De olho no crescimento de um mercado que conhece bem, Guilherme Araújo, de 50 anos, voltou aos bancos escolares para fazer pós-graduação em Engenharia do Trabalho. A seu favor, contam os 15 anos de experiência acumulados na coordenação de turmas na Play Cipa, empresa especializada na terceirização destes profissionais.

— Me formei em engenharia de petróleo e gás, mas pela crise do mercado nessa área, parti para a segurança do trabalho. Pelas vagas que tenho visto na internet, me parece um bom setor. Ainda tenho a vantagem de não ficar preso a um único setor. Posso até, futuramente, atuar naquela em que me formei —, afirma Daniel David Damiani, estudante de pós-graduação em Engenharia do Trabalho.

Radiografia do mercado

Engenharia - O presidente da Sociedade Brasileira de Engenharia da Segurança (Sobes), Luiz Alexandre Mosca Cunha, estima que, no Rio, 30 mil profissionais atuem na área. As remunerações iniciam na faixa de R$ 5 mil, podendo atingir R$ 30 mil.

Enfermagem - O Conselho Regional de Enfermagem (Coren-RJ) informou que tem registrado como especialistas 742 enfermeiros do trabalho e 2.364 técnicos e auxiliares de enfermagem do trabalho. Mas estima que esse número seja muito maior. Os salários nessa área variam de R$ 3 mil a R$ 4,5 mil.

Medicina - A Associação Brasileira de Medicina do Trabalho estima que existam 10 mil profissionais da área atuando em todo o pais, sendo que as maiores oportunidades estão nos estados do Sudeste e do Sul. Os salários variam de R$ 5 mil a R$ 10 mil

Técnicos - É o grupo mais numeroso. A Sobes estima que haja 200 mil profissionais hoje em atuação, com salários entre R$ 2 mil e R$ 3 mil.

Fonte: JORNAL EXTRA - Rio

Foto: Roberto Moreyra