A Caravana Proteção em Belo Horizonte termina hoje (14). Foram três dias de seminários e cursos sobre saúde e segurança do trabalho. O primeiro dia do evento contou com a presença do presidente do SINTEST-MG, Cláudio Kcau, que discorreu sobre a “Evolução da SST em Minas Gerais” no seminário de abertura, realizado na FUMEC (campus Cruzeiro).

Kcau apresentou dados sobre a segurança do trabalho a nível nacional e debateu sobre a realidade da SST no estado. O presidente do SINTEST-MG apontou diversos fatores que favorecem os altos índices de acidentes ocupacionais no país.

Um dos problemas do setor é a falta de preocupação das empresas com os altos índices de acidentes de trabalho no estado. O presidente do SINTEST-MG também considera que o baixo nível de conhecimento dos técnicos de segurança recém-formados e o reduzido número de auditores-fiscais disponíveis para a realização de fiscalizações nas diversas cidades mineiras forma a teia de questões a serem enfrentadas em Minas Gerais.

Outra questão de grande impacto na qualidade do cuidado com a segurança dos trabalhadores é o fraco engajamento dos técnicos na gestão da segurança nas empresas. Kcau aponta que alguns profissionais acabam se identificando com os patrões e não atuam na fiscalização da saúde e segurança do trabalho na empresa.

A Caravana Proteção em Belo Horizonte foi aberta com a palestra do consultor em saúde e segurança do trabalho Armando Augusto Martins Campos. O especialista, articulista da revista Proteção, apresentou o tema “A Percepção de Riscos pode dar certo”.

Campos defende que é preciso trabalhar a percepção de risco dos profissionais da SST. Para o especialista, cada um deles percebe os riscos de uma maneira diferente. “O tamanho do risco está na cabeça de cada profissional”.

Cosmo Palasio de Moraes Jr, técnico de segurança que atua há quase 30 anos no setor, também foi um dos convidados a participar da Caravana. Moraes também escreve para a revista Proteção. O especialista ministrou a palestra “Novos paradigmas para os profissionais de SST”.

Bastante descontraído, Moraes frisou que os especialistas em saúde e segurança do trabalho no Brasil cuidam apenas de papel para evitar processos. “Eles não cuidam de segurança do trabalho”, brincou.

Moraes fez diversas análises sobre o dia a dia da segurança do trabalho no Brasil. Uma das críticas do técnico de segurança é a falta de dinamismo do profissional da área. “As pessoas têm soluções velhas e chavões. Se nós não entendemos a dinâmica da técnica, não conseguiremos resolver o problema das empresas”.

A Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT) também foi alvo das críticas do profissional. “A SIPAT virou uma espécie de micareta da segurança do trabalho”, brincou Moraes se referindo aos teatros realizados nos programas.

“Ninguém consegue entender um PPRA [Programa de Prevenção de Riscos Ambientais]. Faça uma regressão, tire o técnico de segurança do corpo e tente entender um PPRA”. Segundo o especialista, os técnicos de segurança não procuram simplificar os termos utilizados no relatório do programa. Sendo assim, o responsável pela empresa é incapaz de entender o que está sendo apontado.

No final da conversa, Cosmo pontuou 13 passos para a atuação eficaz do profissional da segurança do trabalho. São eles:

1 - Saber o que faz o profissional
2 - Conhecer a legislação
3 - Compreender a legislação
4 - Conhecer gestão e práticas prevencionistas
5 - Saber transformar a legislação em ações
6 - Saber planejar a prevenção
7 - Saber implementar a prevenção
8 - Saber mensurar a prevenção
9 - Saber treinar e preparar
10 - Saber negociar e atuar em conflitos
11 - Saber zelar
12 - Saber o que fazem as demais pessoas
13 - Saber o que é gente (valorizar o potencial humano)


Proteção prevê aumento de Caravanas no próximo ano e maior atuação em Minas Gerais

Este ano foram realizadas quatro Caravanas Proteção pelo Brasil nas cidades de Manaus, Fortaleza, Joinvile e encerramento em Belo Horizonte. A empresa responsável pelo projeto, a Proteção Publicações e Eventos, planeja dobrar o número de caravanas em 2015 pelo país.

Alexandre Gusmão, diretor da Proteção, revela que haverá a realização de mais oito Caravanas no próximo ano. “Essas cidades são ávidas por informações sobre saúde e segurança do trabalho. Este ano fizemos quatro Caravanas e no ano que vem planejamos dobrar o número”.

Gusmão expôs sua preocupação em estreitar laços entre a empresa e os profissionais de saúde e segurança do trabalho de Minas Gerais. “O estado é o segundo maior mercado brasileiro de profissionais e de trabalhadores do setor da indústria. Acreditamos que Minas é um mercado importante. Nós sempre estivemos presentes realizando eventos aqui. A nossa expectativa é que em 2015 estejamos novamente no estado com a Caravana. Estamos prevendo isso para o mês de novembro de 2015”, declarou o diretor.

A Proteção pretende buscar o apoio do Sindicato dos Técnicos de Segurança do Trabalho de Minas Gerais (SINTEST-MG) para o evento do próximo ano. Gusmão também agradeceu a disponibilidade do SINTEST-MG nesta Caravana Proteção.